5 de outubro de 2012

O ROCHEDO DE TANIOS - AMIN MAALOUF O LIVRO DO MÊS DE OUTRUBRO DO CLUBE DE LEITURA

 
 
 
Acontecerá nesta Sexta (05) de outubro o debate sobre o livro "O ROCHEDO DE TANIOS - AMIN MAALOUF",  o evento será na Livraria Icaraí, Rua Miguel de Frais, 09 - Icaraí - Niterói - às 19 horas, o debate na verdade é uma troca de idéias cheio de descontração, baseadamente sobre o livro escolhido em cada mês,  e sempre acontece na primeira sexta-feira do mês. Participe a entrada é franca.
 
 
 
 
 
 
Capa do livro 'O ROCHEDO DE TÂNIOS'
 
 
 
 
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Libanês radicado na França desde 1976, Amin Maalouf domina com perfeição as velhas narrativas orientais - e são elas que fornecem o pano de fundo literário para este romance em que a aventura e a sensualidade combinam-se com um forte conteúdo filosófico. A história se passa no Oriente Médio, em meados so século XIX. Seu apelo principal está nas emoções e no destino insondável de Tânios, um bastardo cuja existência parece desde sempre predeterminada: cada passagem de sua vida anuncia um futuro do qual ele não tem como fugir. Aos quinze anos, com o cabelo precocemente embranquecido, Tânios apaixona-se pela filha do maior inimigo de seu amo - e o adolescente ávido de conhecimento dá lugar ao homem pronto para cumprir sua missão, o que pode significar, inclusive, decidir o destino de outros.

 
 
"Na aldeia onde nasci, os rochedos têm nome. Há o Navio, o Cabeça-de-Urso, o Emboscada, o Muro, e ainda os Gêmeos, também chamados de os Seios da Bruxa. Há sobretudo a pedra dos Soldados; era lá que antigamente se ficava à espreita quando a tropa perseguia o rebeldes; nenhum lugar é mais venerado, mais carregado de lendas"…


 
Passagem é então a uma só vez um sinal manifesto do destino – uma incursão que pode ser cruel, irônica, ou providencial – e um marco, uma etapa de uma existência fora do comum. Nesse sentido, a tentação de Lâmia foi, no destino de Tânios, a passagem inicial; aquela daqual emanariam todas as outras”…



Nascido em Beirute em 25 de feveireiro de 1949, ele é um dos maiores expoentes da literatura libanesa contemporânea. Nascido cristão árabe – o segundo de uma prole de quatro filhos-, o seu pai Rudchi Maalouf – um católico melquita – era escritor, jornalista e professor. Sua mãe, Odette, era oriunda de uma família maronita, o que levou-o inclusive a ter estudado em uma escola jesuita. Formou-se em Economia e Sociologia pela Universidade Francesa, em Beirute, seguindo a tradição familiar de jornalista e romancista.


 
Aos 22 anos, começou a trabalhar no periódico libanês An-Nahar, levando-o a cobrir conflitos em cerca de 60 países no mundo, tais como Índia, Bangladesh, Etiópia, Somália, Quênia e Argélia. Como o início da guerra civil libanesa, em 1975, radicou-se com a família em Paris, tomando a resolução de dedicar-se mais amiúde à literatura – inclusive, os seus romances são todos escritos em francês, apesar do árabe ser a sua língua de origem.


 
“Em cada época, comenta o monge Elias, houve entre as gentes de Kfaryabda um louco, e quando desaparecia, um outro estava pronto a tomar seu lugar como uma brasa sob a cinza, para que esse fogo não se acabe jamais. Sem dúvida, a Providência tem necessidade desses fantoches que agita com os dedos para rasgar os véus que a sabedoria dos homens teceu”…


 
Sua obra consiste em romances, obras de não ficção e librettos para ópera. De todos os seus romances, o mais aclamado pela crítica é O Rochedo do Tânios, escrito em 1993 – e editado no Brasil pela Companhia das Letras -, ganhador do Prix Goncourt no mesmo ano. E todo o falatório em cima do livro é justificado, pois trata-se de uma pérola, tamanha a delicadeza de sua escrita…


 
O livro se passa na vila libanesa de Kfaryaba, um povoado remoto encravado nas montanhas libanesas, no século XIX. Trata-se da saga do “jovem-ancião” Tânios – uma das inúmeras variantes locais, segundo o autor, de Antônio, Antoun, Antonios, Mtanios, Tanos ou Tannous -, filho bastardo da bela Lâmia com o sheik Francis, um cristão árabe.

 

“Para todos os outros, és o ausente, mas eu sou o amigo que sabe. À revelia deles, correste no caminho do pai assassino, em direção da costa. Ela te espera, a moça do tesouro, em sua ilha; e seus cabelos têm sempre a cor do sol do Ocidente”…

 

No caso de O Rochedo de Tânios, não importa se a trama se passa nas montanhas libanesas, e se a atmosfera é repleta de referenciais simbólicos orientais – narguillés, vilarejos encravados na montanha, patriarcas e sacerdotes de ritos orientais, os “rapapés” das cortes otomanas, locais exóticos para nós como o Cairo, Chipre, Tripoli -, a empatia do leitor com o seu texto se estabelece de imediato, dada a universalidade da trama, o drama existencial de Tânios e as vicissitudes de seu vilarejo.


A aldeia montanhesa de Kfaryabda é uma bela alegoria sobre o Líbano natal de Maalouf, uma terra de passagem, de lutas e de rápidas transformações. Uma terra que recebe os seus “visitantes-invasores” de maneira acolhedora – com água de rosas e arroz jogados da sacada das casas, como manda a tradição -, mas que devora qualquer um que tente dominá-la e subjugá-la. A saga de Tânios é a crônica das montanhas libanesas, da resistência e da altivez de seu povo, uma resistência surda contra todos aqueles que a manipulam e a subjugam – sejam estes romanos, persas, árabes, turcos otomanos, franceses, ingleses, americanos…



O Líbano, como os seus próprios habitantes dizem, é uma terra de contrastes, um mosaico de tradições e costumes ancestrais, um carrefour para onde convergem diferentes povos, distantes historicamente, mas que se mesclam no caldeirão de influências que é o País dos Cedros. É uma terra turbulenta, de fortes reviravoltas, cuja tenacidade do povo se mantém, tal como no Rochedo de Tânios, ao espreitar os invasores e lhes dar adeus, à espera de novos aventureiros que pretendam desbravá-la e dominá-la – sempre em vão…


“Sobre os passos invisíveis de Tânios, quantos homens partiram da aldeia depois! Pelas mesmas razões? Antes pela mesma investigação, e sob o mesmo ímpeto. Minha Montanha é assim. Apego ao solo e aspiração à partida. Lugar de refúgio, lugar de passagem. Terra do leite e do mel e do sangue. Nem paraíso nem inferno. Purgatório”…



As civilizações passaram e desapareceram, mas Tânios continua a nos olhar zombeteiramente, do alto de seu rochedo, tal como um certo D. Sebastião, o Brumoso, uma “ausência presente”, esperando o final dos tempos para nos redimir dos nossos pecados humanos, demasiadamente humanos…


Há muita filosofia em um rochedo, posto que sua permanência nos remete ao fato de que tudo na vida é efêmero, é passageiro, é puro movimento. Exceto a vida em si mesma, que nos lança o tempo todo enigmas, que nos fazem desconfiar do seu caráter eminentemente mineral…



“Atrás de meu ombro, a montanha próxima. Aos meus pés, o vale de onde subiriam ao cair do dia os uivos familiares dos chacais. E lá, ao longe, eu via o mar, minha estreita parcela de mar, estreita e longa rumo ao horizonte como uma estrada
 
 
 
 
Amin Maalouf - escritor
 
Nascido no Líbano em 1949, em 1976 mudou-se para a França, onde trabalhou como jornalista e iniciou a atividade de romancista. Seu livro O rochedo de Tânios recebeu em 1993 o Goncourt, mais importante prêmio literário da França.


outro livro do autor:

O périplo de Baldassare

Os tempos são de desalento. Faltam poucos meses para 1666, o Ano da Besta anunciado por São João, e na pequena cidade de Gibelet acredita-se que o Apocalipse está próximo. Por acaso, Baldassare Embriaco, dono da mais renomada loja de curiosidades do Oriente, recebe um livro precioso: as páginas de O centésimo nome revelariam o nome secreto de Deus, capaz de "afastar qualquer perigo, obter do Céu qualquer favor". Mas Baldassare deixa o livro escapar de suas mãos. Ele começa uma viagem pela Europa e pelo Oriente para recuperar esse tesouro que pode livrar a humanidade do fim do mundo. Na busca, o reencontro com a bela Marta muda os rumos da viagem. O objetivo de Baldassare, agora, é tê-la a seu lado novamente.

O périplo de Baldassare é o diário em que ele registra dia a dia sua peregrinação por um mundo angustiado com o fim próximo. E que o leva a um inesperado desenlace, talvez inconscientemente desejado.
 
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Um comentário:

  1. DALMA NASCIMENTO - NITERÓI - RJ5 de outubro de 2012 às 11:42

    Caro Alberto Araujo,


    Parabéns pela cobertura deste número do Focus. Li tudo e fiquei a par de vários eventos, inclusive do debate de hoje (sexta) sobre o autor libanês Amin Maalouf , com tema de meu interesse. Caso eu esteja melhor da pneumonia, comparecerei, embora ainda não tenha lido o livro.

    Gostaria de ter ido à pálestra do Emílio, de cuja banca do seu doutorado na UFF participei, bem como de ter assistido à exposição do Carlos Rosa.

    Vi também as cenas da posse da Franci Darigo na Fluminense.

    Você vai fazer a cobertutra da introdução do Calheiros na Niteroiense no próximo dia 10 no Clube Português? Fica consignado o convite.

    Obrigada pelas informações. Continue neste itinerário. Niterói carece disso.

    Abraços também para Shirley.

    Dalma Nascimento.

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