6 de julho de 2012

RODA DE LEITURA NA ACADEMIA NITEROIENSE DE LETRAS

A RODA DE LEITURA DA
 ACADEMINA NITEROIENSE DE LETRAS



Uma prática saudável da Academia Niteroiense de Letras. E tem como objetivo ampliar conhecimentos sobre as obras dos autores, onde o poeta ou escritor poderá interagir com seus variados textos e de maneira prazerosa compartilhar experiências, o objetivo maior é conhecer as diversas formas de escritas literárias, no caso poesias, crônicas, contos, ensaios, etc..., os quais autores escrevem ou escreveram.
O bom mesmo você poder participar levando textos de sua autoria ou de outra pessoa, sobre tudo o importante é podermos conhecer os textos que foram escritos em livros, e agora poderemos revivê-los em voz, e no ato a gente ganha por adquirir conhecimentos sobre determinado autor.
Este é o objetivo da Roda de leitura da Academia Niteroiense, que sempre acontece na primeira quarta-feira de cada mês.
E no dia 04 de junho o Focus esteve presente e trouxe as imagens comprobatórias do evento. Confira.
Wandelino Teixeira Netto - Sec. da ANL
faz a leitura do expediente








Luzia Velloso e Grancida Rosa - escritoras

Luzia Velloso
Luzia Velloso – leu de sua autoria do livro CASOS -  “Experiência”

Renato Augusto de Carvalho,
“Razão para amar um time do autor Pedro Lyra”
Salvador da Mata e Silva - Historiador
este acadêmico dia  11 de junho
estará lançando seu 110 livro
na Câmara Municipal de Niterói-RJ





Sônia Figueiredo
de sua autoria O amor morre de amor.

Wanderlino Teixeira Netto
leu "Calidoscópio" de sua autoria

Gilson Rangel Rolim -escritor
leu a belíssima crônica de sua autoria  "Interrogatório"

O INTERROGATÓRIO

– Nome.
– Meu?
– Claro, rapaz! Diga logo!
– Aristo.
– É nome ou apelido?
– Apelido, o nome mesmo é Aristóbulo.
– Por que não falou o nome certo?
– É muito feio,
– E o sobrenome, desembucha!
– Pessoa Dumont.
– O que? Você é da família Dumont?
– Não, senhor, tem nada a ver.
– Logo vi. Se tivesse, algum advogado já estaria aqui.
– Agora me responda, rapaz, o que é que você tem a ver com a morte de Vera?
– Nada, nadica de nada.
– Mas como não, ela foi encontrada morta no portão de sua casa?
– Sei lá, doutor. Alguém botou ela lá.
– Mas você conhecia a moça?
– Uma vez fiz um trabalho na casa dela,
– Que tipo de trabalho?
– Fui lá trocar a fechadura da sala, só isso.
– Você sabe porque ela trocou a fechadura?
– Sei lá, doutor. Quer ver que ela desconfiava de alguém.
– Mas voltou à casa dela depois, por quê?
– Voltei pra pegar o resto do dinheiro do serviço, ela tinha ficado me devendo cinquenta pratas.
– Você acha que o detetive Cardoso pegou você por engano?
– Só pode ser, doutor. Acho que foi porque eu fui na cada dela um dia antes. E por isso o cara me prende?
– Cara não, rapaz, respeite a autoridade!
– Eu já disse, só conheci D, Vera de vista. Por que a polícia não vai atrás do Vadico, ele era o namorado dela. E todo mundo lá sabia que ele batia nela.
– Olha, vou liberar você, mas estou de olho!
– Pode deixar, doutor. Eu sou pobre, mas gente boa, o senhor vai ver.– Está bem, pode ir
– Almir! O candidato a suspeito número um está aprovado. Mande o candidato a suspeito número dois. Preciso acabar estes testes ainda hoje. O diretor da novela está me apressando


Márcia Pessanha leu poesias, “Soneto da colheita” ,
“Fragmentos”...,
de Wanderlino Teixeira Netto.
Renato Augusto Faria de Carvalho,
“Razão para amar um time do autor Pedro Lyra”
Jorge Fernando Loretti – a crônica de Rubens Braga – “Mãe”
Mãe

(Crônica dedicada ao Dia das Mães)

por Rubem Braga
O menino e seu amiguinho brincavam nas primeiras espumas; o pai fumava um cigarro na praia, batendo papo com um amigo. E o mundo era inocente, na manhã de sol.
Foi então que chegou a Mãe, muito elegante em seu short, e mais ainda em seu maiô. Trouxe óculos escuros, uma esteirinha para se esticar, óleo para a pele, revista para ler, pente para se pentear — e trouxe seu coração de Mãe que imediatamente se pôs aflito achando que o menino estava muito longe e o mar estava muito forte.
Depois de fingir três vezes não ouvir seu nome gritado pelo pai, o garoto saiu do mar resmungando, mas logo voltou a se interessar pela alegria da vida, batendo bola com o amigo. Então a Mãe começou a folhear a revista mundana — "que vestido horroroso o da Marieta neste coquetel" — "que presente de casamento vamos dar à Lúcia? tem de ser uma coisa boa" — e outros pequenos assuntos sociais foram aflorados numa conversa preguiçosa. Mas de repente:
— Cadê Joãozinho?
O outro menino, interpelado, informou que Joãozinho tinha ido em casa apanhar uma bola maior.
— Meu Deus, esse menino atravessando a rua sozinho! Vai lá, João, para atravessar com ele, pelo menos na volta!
O pai  achou que não era preciso:
— O menino tem OITO anos, Maria!
— OITO anos, não, oito anos, uma criança. Se todo dia morre gente grande atropelada, que dirá um menino distraído como esse!
E erguendo-se olhava os carros que passavam, todos guiados por assassinos (em potencial) de seu filhinho.
— Bem, eu vou lá só para você não ficar assustada.
Talvez a sombra do medo tivesse ganho também o coração do pai; mas quando ele se levantou e calçou a alpercata para atravessar os vinte metros de areia fofa e escaldante que o separavam da calçada, o garoto apareceu correndo alegremente com uma bola vermelha na mão, e a paz voltou a reinar sobre a face da praia.
Agora o amigo do casal estava contando pequenos escândalos de uma festa a que fora na véspera, e o casal ouvia, muito interessado — "mas a Niquinha com o coronel? não é possível!" — quando a Mãe se ergueu de repente:
— E o Joãozinho?
Os três olharam em todas as direções, sem resultado. O marido, muito calmo — "deve estar por aí", a Mãe gradativamente nervosa — "mas por aí, onde?" — o amigo otimista, mas levemente apreensivo. Havia cinco ou seis meninos dentro da água, nenhum era o Joãozinho. Na areia havia outros. Um deles, de costas, cavava um buraco com as mãos, longe.
— Joãozinho!
O pai levantou-se, foi lá, não era. Mas conseguiu encontrar o amigo do filho e perguntou por ele.
— Não sei, eu estava catando conchas, ele estava catando comigo, depois ele sumiu.
A Mãe, que viera correndo, interpelou novamente o amigo do filho. "Mas sumiu como? para onde? entrou na água? não sabe? mas que menino pateta!" O garoto, com cara de bobo, e assustado com o interrogatório, se afastava, mas a Mãe foi segurá-lo pelo braço: "Mas diga, menino, ele entrou no mar? como é que você não viu, você não estava com ele? hein? ele entrou no mar?".
— Acho que entrou... ou então foi-se embora.
De pé, lábios trêmulos, a Mãe olhava para um lado e outro, apertando bem os olhos míopes para examinar todas as crianças em volta. Todos os meninos de oito anos se parecem na praia, com seus corpinhos queimados e suas cabecinhas castanhas. E como ela queria que cada um fosse seu filho, durante um segundo cada um daqueles meninos era o seu filho, exatamente ele, enfim — mas um gesto, um pequeno movimento de cabeça, e deixava de ser. Correu para um lado e outro. De súbito ficou parada olhando o mar, olhando com tanto ódio e medo (lembrava-se muito bem da história acontecida dois a três anos antes, um menino estava na praia com os pais, eles se distraíram um instante, o menino estava brincando no rasinho, o mar o levou, o corpinho só apareceu cinco dias depois, aqui nesta praia mesmo!) — deu um grito para as ondas e espumas — "Joãozinho!".
Banhistas distraídos foram interrogados — se viram algum menino entrando no mar — o pai e o amigo partiram para um lado e outro da praia, a Mãe ficou ali, trêmula, nada mais existia para ela, sua casa e família, o marido, os bailes, os Nunes, tudo era ridículo e odioso, toda essa gente estúpida na praia que não sabia de seu filho, todos eram culpados — "Joãozinho!" — ela mesma não tinha mais nome nem era mulher, era um bicho ferido, trêmulo, mas terrível, traído no mais essencial de seu ser, cheia de pânico e de ódio, capaz de tudo — "Joãozinho!" — ele apareceu bem perto, trazendo na mão um sorvete que fora comprar. Quase jogou longe o sorvete do menino com um tapa, mandou que ele ficasse sentado ali, se saísse um passo iria ver, ia apanhar muito, menino desgraçado!
O pai e o amigo voltaram a sentar, o menino riscava a areia com o dedo grande do pé, e quando sentiu que a tempestade estava passando fez o comentário em voz baixa, a cabeça curva, mas os olhos erguidos na direção dos pais:
— Mãe é chaaata...




Alberto Araújo – de sua autoria “Sobrevivência”
SOBREVIVÊNCIA II
Quantas vezes sobrevivi...
E percorri estradas cegamente,
Levando a flor do meu corpo em sinfonia.
Desci ladeiras... Subi degraus,
Dancei na avenida, Na estação.
Toquei as nuvens horizontais e estrelas verticais.

Cantei, cantei... Com o coração...
Abri o peito...
E deixei as canções lavrarem a minha alma,
Toda pureza dos sentimentos
Eu trouxe a galopes,
Multipliquei as imagens
Centenas de vezes,
E no centro, no canto
Multipliquei o teu gesto
Em milhões de sons celestiais.







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